Você usava aquela jaqueta azul que combinava com seu tênis. Olhei de relance, inevitável. Esperava encontrar seus olhos e rapidamente disfarçar. Não aconteceu. Você não olhava para mim, olhava para outro alguém. E aquele momento a única coisa que senti é a única coisa que você não é capaz de entender. Não tente entender nem imagine o que senti, não é a melhor coisa. Nunca foi. Não naquele momento, mas com o tempo, o efeito de cada olhar não correspondido e a cada sorriso negado era como uma granada nos meus sonhos. Até que um dia chegou a explosão, a maior, com mais destruição. Você explodiu o que restava dos meus sonhos e o meu coração que ainda procuro pelos destroços do ataque. Esqueça o Osama bin Laden, o terrorista mais perigoso do momento tem outro nome. Recuso-me a dizer, não devo mencioná-lo. Não é justo e ele não merece fama às minhas custas. Nunca mereceu. Aliás, ele não merece nada, nenhum sorriso, nenhum olhar, nenhuma lágrima, nenhum coração. Nem o meu, nem de ninguém. Gostaria de fingir que nada aconteceu, mas não dá. Testemunhas demais, uma vítima e um terrorista fugitivo que algumas vezes gosta de virar notícia. Mais bombas, mais destruição. Só uma coisa mudou, uma grande coisa. O meu coração –destruído- não é mais afetado. Afinal, qual a graça de destruir algo que está aos pedaços? Acabou a diversão, acabou um coração. O meu.
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