Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

terça-feira, outubro 19, 2010


Depois das Reticências

Nem sempre as aulas de português são úteis. A pontuação da vida é um pouco diferente da das aulas de redação. Eu, por exemplo, vivo com problemas sérios nas provas de pontuação da vida...
Todo mundo escreve um livro e o título de todos é igual: Eu. Cada Eu conta uma história diferente, algumas detalhistas - para quem acha que cada detalhe é essencial, outras são sucintas e destaca apenas o necessário - para quem acha que quanto menor o livro, melhor. Mas tem tanto ponto final que confunde, tanta vírgula que faz tropeçar e reticências que me faz parar para pensar...
De fato a nossa vida é separada em parágrafos, capítulos e partes. Tem parágrafo que independe do outro, mas o que faz o que somos até o Fim, são todos juntos, formando o que nós somos e passamos. Tem capítulos que são bons e outros ruins, afinal ninguém pode ser feliz o tempo todo - nossa vida não é ficção nem filme! E nessa de achar que a nossa história vai ser como aquele romance que assistiu comendo pipoca (e depois se arrepender), é como capotar num capítulo e estragar uma parte da história. A tentativa de ter uma história semelhante ao romance fictício nos afasta mais ainda de um capítulo bom. Porque enquanto se afunda em chocolate e lágrimas, o mundo inteiro tem pedacinhos de felicidade espalhados por aí, seja pessoas ou lugares. Aí vem a culpa. O que eu fiz? Por que ninguém me ama? Por que ele não corresponde meu sentimento? Será que meu beijo foi ruim? Por que terminamos? Por que não transamos? Por que ele não olhou na minha cara? Porque querida amiga, é hora de um novo parágrafo - se preciso, um novo capítulo - e por mais que o parágrafo (ou capítulo) anterior foi lindo, o que importa são todos os parágrafos e capítulos juntos. De que adianta três folhas de uma história fascinante e as outra 290 só de lamentação e sofrimento? É disso que eu estou falando.
Ah, outra coisa que complica. Pontuação. A gente vive usando a interrogação para perguntas que nunca receberemos resposta e também para escutar de novo o que já se sabe (olhando no fundo dos olhos e perguntar pela milésima vez "Você me ama?" só para se sentir muito bem). Tem exclamação que parece muro e não deixa passar, que nos enrosca e nos deixa presa numa surpresa ou felicidade passageira. Tem exclamação que dá ênfase naquele beijo ou naquele último abraço - o último! Tem gente que vê ponto final onde só tem vírgula. Tem vírgula que faz respirar e ganhar mais fôlego para contar a primeira vez. E tem o ponto-e-vírgula que é ao mesmo tempo o fim e a continuação. É aqueles namorados que terminaram; e um dia voltaram. As reticências são pensativas e sonhadoras, mas não deixam de ser três pontos finais juntos.  E o ponto final é o meu favorito. O ponto final permite acabar um parágrafo ou capítulo de forma definitiva. Acaba de maneira súbita e viciante. E eu amo os pontos finais de capítulos ruins, porque ainda tenho muito o que escrever. Mas tem ponto final que não significa fim, mas significa uma noite bem dormida para pensar na vida. O ponto final pode ser uma parada mais longa para que possamos refletir e digerir as informações dos últimos parágrafos.  Tem muito ponto final que termina uma história de quem ainda tem muito o que contar e viver. Um ponto final como este.
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