Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

sexta-feira, fevereiro 25, 2011


Paz Interior

Seis horas. O sol já quase escondia no horizonte e o céu coloria-se nas mais lindas cores. Tantas coisas a fazer, tantas decepções num dia só. Talvez fosse só um momento de fragilidade, por mais que uma dor no fundo do peito insistia em tinir, a garganta seca e os olhos ardentes provavam que aquilo não era só um momento sensível.  Sabe aquela vontade de chorar do nada? Quando tudo parece dar errado? Eu me sentia exatamente assim.
Desculpe matemática, meus problemas são maiores que os seus.
Decidi largar os problemas alheios – leia-se cálculos – e fui pensar nos meus. E eu não estou dizendo de passar a noite inteira pensando neles. Eu já disse que eu amo o pôr do sol? Eu amo. Seis horas, luzes ligadas. Fechei os livros, larguei as canetas, apaguei as luzes do meu quarto e fui ver o anoitecer. Num prisma perfeito, o sol se escondia atrás de nuvens que pareciam modeladas pra minha janela. O vento tocava meu rosto me fazendo arrepiar, e melhor, sentir – e apreciar – minha própria respiração tranquila. Eu poderia estar mesmo sensível naquele momento, até porque senti as lágrimas rolarem dos meus olhos. Não que algo estivesse me machucando ou causando alguma dor, mas ali as lágrimas pareciam ideiais. Eu precisava chorar, vendo o céu entristecer e os pássaros cantando. Talvez as lágrimas eram apenas sinal de que algo me incomodava, e que em alguma hora, eu precisava botar tudo pra fora. E por que não fazer isso sozinha, sentindo a paz no silêncio? Eu precisava disso. Quantas vezes tentei expressar meus sentimentos com palavras, quando tudo se encaixava no silêncio? É tão difícil explicar o que sinto.
Abri os olhos, o rosto ainda molhado e encontrei o céu já escurecendo, mostrando entristecer, mas prometendo estrelas. Quantas coisas passaram pela minha cabeça. Momentos, pessoas, momentos felizes, momentos tristes. Pessoas que partiram, pessoas que eu amei mais que tudo, pessoas que eu deveria amar mas não amei. Pessoas que de algum modo, combinavam com o prisma no céu e as lágrimas nos meus olhos. Os carros passavam em alta velocidade, centenas e centenas àquela hora. Quantas pessoas voltavam pra casa naquela hora sem ao menos olhar para o céu e pensar na vida. Sem ao menos deixar-se levar pelas lágrimas sem sentido e pela sensação de paz. A verdade é que as pessoas não importam mais com os pequenos detalhes da vida. Quantas pessoas desejei que estivessem ali ao meu lado vendo o sol se por. Quantas pessoas que eu desejei que me entendessem naquele instante humano. Provava ali que eu não estava sendo frágil, mas sim humana. Algumas coisas nos machucam tanto que chega a um ponto que se torna impossível suportar. Mesmo que lágrimas não cessem com a dor, mas alivia.
Chorar é instante em que o coração grita por já não suportar mais.
Seis e quarenta e cinco. Limpei minhas lágrimas, olhei o céu pela última vez e agradeci por estar viva. Percebi então o valor dos momentos, mesmo que sejam como aquele, sozinha, só eu e o céu. Sem palavras, sem o cara que mais amei. Não precisaria de mais nada ali. Eu só precisava sentir. Talvez seja por isso que a gente dê tanto valor a felicidade. Respirei fundo, deixei que a voz dele invadisse na minha cabeça, só pra ver se eu conseguiria suportar a dor da última lágrima por ele. Antes que ela rolasse dos meus olhos, fiz questão de colocar um sorriso nos meus lábios e contemplar o instante de estar viva e de sentir. Fechei a janela, me olhei no espelho sem me preocupar com os olhos inchados. Voltei para os meus livros, com a cabeça longe – no céu. E quando menos percebi, a última lágrima estava no canto meu olho. Deixei escorrer pelo rosto, porque sei que sou forte – e não o contrário.
Essa é a essência da vida. 
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