Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

segunda-feira, março 21, 2011


Breve

Ondas, areia e o barulho do mar. Respiro, sinto a brisa entrar para a minha alma. Talvez esse seja um dos meus últimos momentos. E não há lugar melhor do que o nosso, onde ele me mostrou o que é ser feliz. Mas faz tanto tempo. Tanto tempo que ele se foi. Me deixou, com esperanças de ver seu sorriso mais uma única vez. Mas era impossível esquecer seu rosto pálido e sem vida coberto de flores, de quem sempre sentirá sua falta. Ele me deixou, e eu ainda estou aqui. Sozinha, com medo, sem proteção. Sem ele. Ninguém sabe o que passa pela minha cabeça, o quanto dói, o quanto sinto ao pulsar de um coração despedaçado. 
Eu faria tudo. Tudo para tê-lo aqui. Na nossa praia, embaixo do nosso coqueiro que combina com o som das ondas. E essa falta sempre me faz suplicar mais e mais. Num efêmero pranto de quem jamais quis dizer adeus. Divagando no vazio do nunca mais. Então só me resta mágoa. Por não ter feito, por não ter dito. Por não ter falado eu te amo todos os dias, sempre que eu sentisse que era verdade. Eu só esperava mais, alguma coisa que me fizesse suportar essa dor.
Eu nunca entendi porquê acabou assim e talvez jamais seja capaz de entender. Eu lembro. Lembro do início, da primeira vez que olhei com desprezo aquele cara na roda de amigos em comum. Corpo de adulto, pensamento de criança. Talvez de todos as lembranças, essa seja a que mais me falta. De quando eu achava que ele era mais um dos idiotas que tinha me chamado pro cinema, sem compromissos. Ciente que ele seria mais um daqueles que me agarraria ainda nos trailers, dizendo que o filme estava chato. Mas ele foi diferente. Ele pegou na minha mão e me fez dormir no seu ombro. Me contou a história inteira do filme e riu porque eu tinha roncado. Depois não forçou um beijo, por mais que eu desejasse. Ele me abraçava e sorria. Diferente de todos os outros caras que me levaram pro cinema, ele brincava com meu cabelo, e não com meus sentimentos. Eu o amei então, desde o primeiro instante que permiti. Eu me entreguei quando percebi que ele não me faria sofrer. Mas hoje sofro, e sinto que já não vale mais a pena sofrer.
Sinto as lágrimas, sinto vontade de escrever. Uma carta cheia de sentimentos, ou até mesmo um bilhete de geladeira escrito eu te amo. Utopia. Sou frágil e inconstante, agora sozinha e sem forças pra continuar aqui. Lembro quando ele dizia para eu nunca desistir, e que se alguma vez ele o fizesse, eu teria de ser mais forte. De mostrar que sou melhor, e que não sou essa garota carente de abraços. Mas é tão difícil ser forte quando não há motivos. Quando só existe passado e o presente não faz sentido. Eu me sinto assim. Frágil, desamparada, precisando de um único abraço. Do único cara que não me agarrou nos trailers. E isso me faz sofrer, por lembrar do seu corpo coberto de flores e não de cócegas. Eu sofro com a inconcebível verdade. Ele não está mais aqui.
Eu preciso fazer escolhas, mesmo que a dor ainda entorpeça meus pensamentos. Mesmo que as lembranças e sorrisos sejam parte do passado, hoje fazem parte de mim. Devo desistir? Devo ser forte? E se já não puder mais suportar? E se essas lágrimas jamais cessarem e essa dor vazia dentro de mim nunca se completar?
Eu não seria capaz de suportar por muito tempo.
Me aproximo do mar, sinto o gélido toque da água, num envolvente abraço da alma. Me entrego. Me deixo, me esvazio, me levo. Sinto resistir, mas não insistir. Rasgo-me em algum lugar próximo do oco dentro de mim. Sinto o sangue tinir sobre a água e uma dor impossível de explicar. Mas não importa mais a dor quando já não existe motivos para cessá-la.
Ele dizia me amar até o último segundo. Assim como ele me amou, eu também o amarei.
Se hoje desisto, é porque em um dia ele me deu motivos para não desistir.
Então por que ser forte?
Sinto o oxigênio entrar para os meus pulmões pela última vez, numa gorfada em desespero, que implora por vida. Que implora por ele. Sinto desistir, sinto enfraquecer. No lugar dos olhos, lembranças. No lugar da alma, vazio. Já não existo, já não me sinto. Sou apenas um corpo entorpecido que quer cessar a mágoa, mas não as lembranças. Meus olhos se abrem como se insistisse pela cor do céu sobre mim. 
Então já não tenho forças.
Fecho meus olhos pela última vez, vejo o seu rosto e seu sorriso antes de nunca mais acordar. Sinto sua voz dizendo que me ama, dizendo que estaria sempre comigo. Irônico sentir meu pra sempre acabar. Me despeço da minha vida e dos meus sonhos, sinto meu coração pulsar sem forças pela última vez, a minha vida diante meus olhos. Me vi crescer, e logo estou aqui sentindo o fim. Talvez eu esteja feliz agora, porque minha última lembrança do meu último instante nessa vida foi o sorriso dele. Sinto doer, mas sinto que vou encontrá-lo em breve. Viveremos o nosso constante amor. Então eu vi. Eu vi o que eu precisava ver antes de partir. Ele sorria, mas esse sorriso era diferente de todos os outros. O sorriso dele quando me falou que nós éramos para sempre. Nunca tive e não tenho dúvidas.
Nós somos pra sempre.
Por toda a eternidade.
(Escrito em 19 de Março, com uma dose de nostalgia)
Comentários

0 comentários:

Postar um comentário

Os comentários são moderados, mas sua opinião é sempre bem-vinda! Comentários desrespeitosos ou caluniosos serão banidos.
Fique livre para enviar uma sugestão, dúvida ou crítica: entre em contato comigo.
Certifique-se, antes, se a sua dúvida já está respondida no F.A.Q. Obrigada!

:a   :b   :c   :d   :e   :f   :g   :h   :i   :j   :k   :l   :m   :n   :o   :p   :q   :r   :s   :t

Poderá gostar também de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...