Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

sexta-feira, julho 29, 2011


Agora, sem você

Não sinto mais seu cheiro nas minhas blusas e o vazio que antes era no nosso pequeno porém confortável lar, agora também está dentro de mim. Sinto-me fatigado a cada instante que penso onde você está agora. Seu telefone continua no criado-mudo há três meses, desde que saiu por aquela porta. Pensei que não sentiria falta, aliás nos primeiros dias não senti. Um ar de liberdade e independência, sem precisar te avisar que horas voltaria. A conversa que se perdeu na esquina, pelada todos os dias e cerveja com os amigos até seis da manhã. O lençol sem trocar, a cozinha sem tocar. A comida pedida por telefone, pizza para três dias. 
Ausência não foi, ao menos na semana que seu perfume ainda estava impregnado na minha pele. 
Eu ia bem, obrigado. Afinal essa seria mais uma das nossas brigas em que você, furiosa com todo o meu desleixo e descuido, saiu de casa por eu ter esquecido o nosso aniversário de namoro. Mas dessa vez foi diferente. Seu celular ficou comigo de propósito, para eu não te encontrar quando sentisse saudade de nós dois. Você escolheu outro destino ao invés da casa da sua mãe, para me fazer pensar em que cama dorme agora, às cinco da manhã. Você levou todas as lingeries, mas deixou todos seus pijamas e camisões meus, para que minha mente protetora e ciumenta pensasse quem vai se deliciar do seu corpo que por tanto tempo foi meu. Levou também seus diários e cadernos, para que eu não me lembrasse dos dias felizes e das músicas que escrevemos juntos. Para que eu pensasse qual voz estaria cantando contigo ritmos novos escritos em sua homenagem.
Você levou tudo que eu mais amei de nós dois, para que doesse toda vez que pensasse qual o novo nós na sua vida.
Talvez sua beleza não agrade a todos os caras, ao ponto de ser a loiraça desejada das propagandas de cerveja. Mas você é no mínimo a donzela que corre riscos, em um perigo pertinente de olhares, faíscas impiedosas e pensamentos maliciosos. Fico pensando em que esquina você está ou em que bar bebe seu coquetel de frutas preferido. Se está acompanhada ou se está debaixo das cobertas, na casa dos seus pais. Se assim como eu, sente falta o tempo todo do outro. Algum motivo que desconheço, sua mãe não entrega seu esconderijo nem se nossas fotos estão com você. Jamais me perdoaria se por mais um descuido, nossas fotos de tantos anos juntos, são agora um monte de cinzas. Se a minha música predileta ainda é a sua, porque você sabe. Sabe que a única garota que se encaixa nas rimas de uma letra tão simples, é você. 
Eu ligaria só para ouvir sua voz, desesperada num alô repetitivo, para saber quem estaria do outro lado da linha. Eu te ligaria só para ouvir sua respiração. Sentir seu coração acelerar se minha voz saísse, depois de tanto treinar, um eu te amo sussurrado. Esperando o seu eu te amo de volta, para reconfortar e preencher esse vazio que só você sabe completar. 
Mas desde que você se foi, não sei mais existir.
Qualquer um diria que nós nunca tivemos nada a ver, mas eu continuava do seu lado por amor. Mas sem você, fico imaginando a hora em que sentir suas batidas leves na porta e com lágrimas nos olhos, te tirar do chão num abraço para nunca mais te soltar. Então deito nessa cama que agora parece tão grande e fico decorando e imaginando falas, cenas e gestos para quando te ter aqui de volta. Um silêncio que antes não incomodava por ele existir quando eu colava meus lábios aos seus, agora está em todo lugar dessa casa. Se um dia desejei a solidão por te ter demais sempre, hoje só desejo que esteja aqui ao meu lado, só para cessar todas essas minhas vontades insanas que um dia tive de viver sem você. 
Se por orgulho te vi partir, por tudo que tenho te quero comigo pelo resto da vida. 
No relance do espelho me vejo pálido, logo percebo que sem ti não sei viver. Sei o quanto te machuquei e fiz sofrer, mesmo deitando na mesma cama contigo todas as noites. De todas as ausências, a sua me faz faltar por completo. Mesmo assistindo à tantas partidas, te dizer esse adeus é como morrer, mas continuar existindo. Sem viver os resquícios que me faz respirar a falta de sentido que só te pertence. Esse sentimento de perda que não aprendi a abrigar, o seu perfume que não está mais na minha pele, seu sorriso que me fazia sorrir, seus lábios que um dia foram apenas meus. A memória que ainda guarda na minha pele nossas noites de amor, as manhãs de domingo e os feriados vendo tv. O teu cheiro no meu travesseiro, ao meu lado cochichando altas horas da madrugada. O simples e confortável aconchego do seu abraço, das suas mãos entrelaçadas no fim do meu cabelo, como quem não quer largar por um instante, o que te faz feliz. Dentre tantos mistérios, o do nosso amor é o que eu não compreendo, mas me delicio a cada momento a vida que com você levaria por toda a eternidade. Me perdoa, diga que ainda me ama. Se tudo que precisa ouvir para te ter aqui novamente, então digo. Não sei se suporto mais um dia longe de você. Eu te amo e sempre te amei, meu amor. 
Volta para casa, por favor. 
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