Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

segunda-feira, outubro 17, 2011


O Perfume e a Carta

Seus olhos por miúdos, já estavam fartos de lágrimas. Foram semanas que ela sentia um vazio tão imensurável, que restava para o seu corpo apenas o pranto e a dor da não existência. Entendia-se como aqueles dias como os últimos. Soube que ainda escrevia inúmeras cartas para mim, mas cheguei a ler só uma. As outras ficaram na sua gaveta, guardadas com seus sentimentos que muito tempo não conhecia. Era inevitável que eu partisse, porém não sabia que nela causaria tanto sangue quanto causou. Ela se prendeu a um passado que só existiu na mente dela. Foram vidas e história contadas no imaginário, e a realidade sempre deixava algo vago. Algo que nunca existiu, como eu e ela. Só que ela sentia por nós, vivia e sonhava tudo que nunca existiu. Eu gostava de acreditar que distante eu fazia o melhor pelo que ela não devia sentir. Ela não suportava essa ausência. Eu chamei de destino, ela de amor. Eu estava nos planos dela, enquanto eu a via na fraqueza. E era sempre assim, algo tão mútuo, ao mesmo tempo tão sem sentido, que ela imaginava a vida dela como minha também. E nesse martírio, traçava um caminho que não pretendia estar sozinha. O que eu sentia por ela era algo tão de amizade, que seria até crime iludir alguém que eu precisava do meu lado como minha melhor conselheira.
O amor existia sim. Só que de formas diferentes.
Foi quando a vi desabar. Nos seus olhos já tão opacos, mais necessitava de um colo que do próprio ar. O que chegava aos seus pulmões não saciava o vazio no meio do peito. E dizia que doía e nada faria sentido se eu partisse. Ela perguntava por quê eu deveria ir, se não poderia ir comigo. Que o lugar dela era do meu lado sempre, onde quer que eu estivesse. Foram dias que ela não soube sorrir. Que ela não soube se o que faltava era eu ou ela mesma. Mal podia aceitar, sequer suportar. 
E ela sumiu. 
Não apareceu, não estava em lugar algum. Preferiu a solidão a meu abraço. As cartas substituíram minha voz. O som da minha risada não era como o som do silêncio. Quis morrer. Quis partir para não dizer adeus. Quis se entregar ao mistério do que nunca entendeu. E eu tive medo. Era essa perda que ela desejava para mim? Eu precisava dela sim. Eu a amava, ela nunca deixou de ser meu tudo. 
E eu a encontrei. Disse dos meus sentimentos e de tudo que passamos juntos. Falei que ela seria minha melhor amiga, estando distante ou tão próximo quanto naquele abraço. Silenciava-se para o ar que passava pela garganta e para as lágrimas brotarem dos olhos. Sussurrei que tinha deixado no quarto dela algo especial. Deixei que ela descobrisse sozinha, enquanto esperava na sala. Foi o tempo suficiente para que eu entendesse que ela já havia encontrado. Ela sorriu e veio ao meu encontro, com uma felicidade pontual, da carta que tinha deixado no travesseiro dela com uma borrifada do meu perfume. Era tão especial por ser a primeira e única, e tão singular por eu escrever o que sentia. 
Ela disse que passaria o dia com o travesseiro, cheirando o meu perfume. 
Engrandeceu aqui dentro e senti que tinha feito o certo por nós. Ela perguntou por quê eu resolvi ficar, e eu apenas respondi: "Porque eu amo você." E ela deu muita risada. Deliciou-se ao sentir a vida voltar para o seu corpo, e levou na brincadeira: "Você é um bobinho mesmo, hein? Vai deixar de seguir o que sonha para ficar com essa manteiga derretida aqui?"
Eu não pude evitar o sorriso no rosto. O "bobinho" aqui estava cuidando da sua melhor amiga, e ainda era culpado por ter escolhido ficar porque eu a amava. Eu expliquei que estava cuidando dela e isso era o que importava. E ela rindo, me abraçou: "Eu sei melhor amigo! Obrigada por cuidar de mim!"
5 comentários

5 comentários:

Clarice disse...

AHHH para tudo, que texto lindo ééé esse? suas palavras são tao docinhas, querida! continue assim com esse blog lindo!

Amanda disse...

Muito emocionante a história...e falada pela boca dele, parece tornar tudo tão diferente, como se víssemos as coisas pelos olhos de outra pessoa, um estranho.
A sensação é de que jamais encontraremos um homem capaz de ser doce e sacrificar tudo por nós simplesmente por amor.
Muito lindo mesmo,meus parabéns :DD
SUHAUHS ^^
Eu quero esse melhor amigo haha :D

Anônimo disse...

Perfeito! Quero uma histooooria dessa para mim!

Gabriela disse...

Nossa, lindo mesmo seu texto, li do começo ao fim. E as vezes a gente precisa mesmo diferenciar amizade de namoro, ou algo assim. É melhor para os dois lados. Vou lembrar desse texto quando precisar, ele é lindo e seu blog também!

Luciana Borges disse...

Ameiiiiiiiii

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