Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

segunda-feira, abril 28, 2014


Os primeiros que vieram depois

"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia" 
– Chico Buarque
Ele disse, você ouviu. Dessa vez, não é nenhuma neura da sua cabeça. Ele disse que te gosta. Que te quer. Que quer ter você. E, por mais que ache um absurdo essas sensações possessivas, no fundo você quer. Você quer ser dele. Claro, se é assim, o vice-versa é essencial. Meu, meu, meu. Sua mente é incessante. Fica difícil pensar, porque sabe, perto dele sempre foi difícil ser racional, você só não quer que ele perceba essa balbúrdia interna. O sim sai por entre os lábios que seguram a respiração, que não deveria ofegar. Está tudo bem, e você, inclusive, refuta: como estar mal? 
Ele te beija, claro que beija. Às vezes ele é meio óbvio. Na sua cabeça, você sempre gostou da ideia de conhecer alguém que te surpreendesse. Que te tomasse o script pela mão e te mostrasse pelo coração como é fugir do roteiro. E, entre tantas outras não-surpresas, você sabia que ele era bem clássico. O clássico cafajeste. Mas sei lá, você resolveu acreditar nele. Você deu uma chance. Não está fácil, querida, você me diz. Ele tem lá seus defeitos, mas a gente dá certo. Mesmo que as bocas imperdoáveis proclamem a genética de pegador de todas, juntas e ao mesmo tempo, você reforça o pensamento: ele mudou. 
Porque eu sou diferente.
Doce engano.
Ele é bem assim: às segundas e quintas, vocês se dão muito bem. Às quartas, vocês são meio mornos, até porque quarta-feira não é um dia dos mais atrativos, ele diz que o trabalho o sobrecarrega, de vez em quando se dá ao luxo de te pedir desculpas pelo pouco interesse. Quem sabe ele até se explique. E você, ingênua como é, diz a ele: tudo bem, se acalme, vá se distrair, vá descansar, tome um banho quente, durma mais cedo. Sexta, nem pense em procurá-lo, porque, como um classicamente cara de 20 e poucos, o racha dos brothers está marcado. Claro, entenda, isso não o faz canalha. Você entende. O problema, eu te digo, são os sábados. Você achava que era indisposição, ressaca ou, quem diria, que ele estava mais caseiro. E aí está. Ele continuou saindo. Você fez pouco caso. Foi só naquele dia. Mas vou te falar: não foi. Até quinta ele deu um jeitinho de cair na gandaia. E você acha que está tudo bem. Não está. Ele nunca gostou realmente de ti.
Na verdade, ele nunca gostou de alguém.
Chegam aos seus ouvidos notícias desagradáveis. O amigo do namorado da fulana, que é sua amiga, viu o supostamente carinha que te considera assim, tão especial, beijando aquela garota da sua faculdade. Não, não, não. Ele devia estar bêbado. Ela quem não presta. Ela é uma otária!
Ei! Ei! Acorda para a vida! Quem é a boba da história?
Isso não vai ficar assim, cansei.
Mas parece que seus movimentos são lentos e calculados demais para você tomar qualquer medida mais drástica. Sua vontade é selvagem, instintiva. Seu ímpeto é de fúria. Você foi enganada. Mas posso falar? Você foi sim enganada por ele, mas antes por você mesma. Você quis acreditar na lábia de um cara que não convence nem a si mesmo. Ele é a falta da palavra e também da atitude. No outro dia, você abre os olhos e tem um relapso das confusões da noite passada. Não se lembra bem, porque acabou indo para o bar da esquina do seu bairro beber sozinha, por mais que odeie cerveja. Você lembra de um homem do balcão oferecê-la uísque. Você aceitou: isso deve anestesiar alguma coisa. Nem que seja o meu corpo. A ressaca denuncia – quantos copos de uísque tomei? Você nem se recorda. Mas o celular espairece alguns relances. Ele não para de apitar. Você se depara com uma longa discussão com o cafajeste. Ele parece arrependido. Mas sua racionalidade grita, sufocada, dentro de você. Larga de ser idiota! Quer ser um saco de pancada? Uma eterna iludida?
Você se levanta da cama, e seus pensamentos falam alto. Você enche o peito de ar e diz alto para si mesma: nunca mais. Ouvi daqui. Então, se permite a expressar o seu alter ego e te peço, faça dele um só, faça dele você e não cometa os mesmos estúpidos erros de tentar mudar alguém que jamais mudaria por alguém como você – sensível, doce, inteligente, essencial e interessante. Você não é como a Juliete, a Alice, a Daiana ou a Marília. Você já sabe o que quer e, principalmente, o que não quer. Engraçado os traslados mundanos que, semanas depois, o colocara na mesma balada que você estava (muito bem, por sinal) com as suas amigas. Como já imaginava, ele vai até você. Conversa naturalmente, atua tão bem... Deve ser talento, especialidade, dom, nunca se sabe. E você já previa a tentativa de avanços. Porque você, diferente de tantas outras, se negou a jogar no tabuleiro patético dele. Ele te abraça e isso não te aquece. Pelo contrário, esfria.
Quando, enfim, ele tenta te beijar, você se livra dos braços musculosos sobre os seus ombros. Você não precisa desse peso. Você jamais precisou ser submissa ou ser complacente com quem não te respeita. Você respira fundo e inspira toda a vontade de mudar que te dominou naquele domingo de ressaca. E diz a ele, sutil e elegantemente:
Nunca mais.
Ele te segura pela mão e você nega o toque. E sai. Previsivelmente, ele não vai atrás de você. Mas eu sinto que está satisfeita. As duas palavras que ele precisava ouvir não eram amo você, te quero ou sinto saudades. Você entende que já está farta de pensar tanto nessa história e põe o fim. Aqui se recomeça. Você aproveita a noite ao lado das meninas. E nem precisa ficar com alguém, você está completa. Nessas horas, minha querida, você brilha mais. Os olhos denunciam o amor-próprio, os movimentos evidenciam a completude. E isso atrai. Você passa o seu número para alguns rapazes que vêm falar contigo. Mas tem um que você não passou. – quis você mesma pegar o contato dele. Ele era extremamente charmoso e acolhedor. Conversaram por um bom tempo, até que você resolveu ir para casa. Não foi um dia fácil, você o diz. O que te encanta é como ele entende o seu espaço. Não tenta beijá-la, levá-la para casa, enfim, nada que você esperava. Apenas reforça que mantenham o contato. Você o promete ligá-lo amanhã, até sugere um sorvete ou um açaí que você tanto ama e sente falta, até porque nem disso o cafajeste gostava. Ele adora a ideia. Por um instante você percebe um detalhe adorável: ele é espontâneo sem precisar de muitas doses de álcool.
No dia seguinte, você acorda com um sorriso reverente. Nada dói. Nem o corpo nem o coração. Você não encontra o celular, mas sabe que por meio dele dá para alcançar certos objetivos. Você não hesita. Antes que perceba, já está procurando o nome daquele carinha, ele definitivamente ele era um sweet love. Ei, calma, calma, não cometa os mesmos erros, é tudo que eu te digo. Vá com calma, o que acha? Você respira e faz que sim com a cabeça.
Vamos com calma.
No mesmo momento, você percebe que alguns dos outros rapazes já mandaram mensagem de oi, bom dia e todas as variações. Você fica feliz, mas no fundo, no fundo, você tá bem interessada naquele último. Suas mãos tremem e, surpresa, ele te responde quase de imediato. Isso te alivia, até porque você teve medo de que ele não se lembrasse de ti. Mas você se recorda, ontem ele falou que só conseguiu te ver. Você sorri. Fofo. Antes que você perceba, o açaí já está combinado. E simples como deve ser, o papo flui e quando se dá conta, já é hora de se aprontar. Você não quer parecer arrumada demais, até porque não é necessário, é? Você se dá por satisfeita dentro da sua camiseta estampada, o short jeans e uma sapatilha básica. Ele te manda uma mensagem: já estou aqui.
Engraçado. Seu coração acelera. Isso já aconteceu alguma outra vez?
Então você se lembra daquele babaca musculoso. Lembra-se de que ele já te jurou muito. Foi fácil demais acreditar nele, mas deixa eu te falar: é tudo prática. Até acho que ele sentia certo prazer de iludir todas as garotas. E você repete: nunca mais. Mas vai lá, larga essa cara no passado e vai viver. Vá sentir o pulso bater forte. Vá se sentir interessante como você é. Não vou me delongar muito, porque ele já está logo ali. Ele te sorri e é naturalmente que vem a resposta dos seus lábios. Ele te abraça e vocês começam a conversar. Você até esquece do seu desejo de tomar açaí. Ele toca nas suas mãos e isso é suficiente para te arrepiar toda. Espero que ele não veja. E se ele te beija ou não, vou deixá-la a vontade, que me conte depois.
Eu digo que nenhum amor se faz sozinho. E te falo mais: ele pode não ser o último amor, como (ainda bem!) o babaca também não foi. Você até pode acreditar em para sempre, mas te peço que antes acredite no amanhã. Gosto de acreditar que é possível existir um depois do para sempre. E, mais ainda, que existe sim vida depois de um fim e os recomeços que vêm depois dele. Porque quando você se renova, você se fortalece, e se faz mais linda, mais interessante e sim, mais atraente. A questão é encontrar os olhos que saibam enxergar o que você tem de melhor. Que bom que o destino já tomou as primeiras providências. O recomeço é incrível. Não sei se já posso falar de amor, embora eu fale de sentimentos. Só quero que saiba. Saiba que, ainda que se ame, só se faz inteiro quando a outra metade não necessariamente é a metade, mas a parte que completa. Um dia a gente encontra quem encaixa, mesmo depois de tantas decepções.
Vai me dizer que não é bem melhor assim?
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