Não sei se eu ando importando demais com essa coisa de eleições e todo esse drama de "Brasil - e agora?", mas eu ando amando o Brasil sem ser na época de copa. Sinceramente, quer coisa mais ridícula do que amar um Brasil que só joga futebol? Nos Estados Unidos, independente de estar em época de modalidades esportivas ou não, sempre se vê uma bandeira dependurada por lá.
A realidade é que estamos submetidos diariamente à uma imposição cultural nos meios de comunicação e produtos. Tudo à nossa volta tem a língua inglesa. Você vai comprar um Colgate? Então você compra um Plax Withening ou então um Tartar Control. Vai comprar um desodorante? Tem que ser o Invisible Dry. Vai escutar música? É Lady Gaga. Objeto de adolescentes é teen e banda brasileira "famosa" é Restart. Vai colocar nome num blog? Tem que ser "Psiu, I love you" e não Psiu, eu te amo. Essa crítica também se aplica à mim e provavelmente à você. Ninguém está imune da influência exterior.
Sabe coisas que me incomodam muito? Você já deve ter estudado em Geografia os Estados Unidos. Você tem que saber clima, relevo, vegetação, densidade demográfica, umidade relativa do ar, presidentes passados, a independência, etc etc etc. E sabe o que eles estudam sobre nós? Nada. É, nada. Nos livros didáticos deles o tópico 'Brasil' não existe. O máximo que você pode ver nos livros é Estados Unidos em relação à América Latina, exatamente com essas palavras. Agora me diz, por que temos que saber tudo sobre eles e eles nada sobre nós? Para eles somos um bando de índios na floresta amazônica que um dia será o único ponto turístico sem ar poluído.
A gente escuta Katy Perry, Lady Gaga, 3OH!3. E sabe o que eles escutam? Katy Perry, Lady Gaga, 3OH!3. A gente até prefere as letras gringas porque são mais "chiques" de cantar e eles também preferem, mas são as música deles, na língua deles, cantando junto sem precisar traduzir ou fazer aulas de inglês. Nós usamos blusas "I ♥ NY", "I ♥ Shoes, Bags & Boys" e viajamos pra Disney. Eles usam blusa Eu amo Nova Iorque, Eu amo Sapatos, Bolsas e Garotos e viajam pra cidade ao lado. Entende o que eu quero dizer? Se você reparar bem, aqui no blog, dos quarenta e um posts de músicas do #nowplaying, apenas um era de banda brasileira. Um. O nome do blog é inglês e eu escrevo esse post escutando No Air Piano Acoustic. Eu amo Gossip Girl e Tv só ligo pra assistir Two and a Half Man na Warner.
Sei que atualmente as músicas brasileiras tem letras horríveis, poemas e poesias não existem e livros bons ninguém lê ou escreve (com exceção da Tati Bernardi diva e absoluta). Mas se você lembrar que um dia teve alguém que fez pelo Brasil o que hoje não fazemos, você desligaria seu rádio de músicas pop e iria escutar Chico Buarque, Gonzaguinha, Cazuza, Engenheiros do Hawaii, Mamonas Assassinas e estaria lendo Caio Fernando de Abreu, Mário Quintana, Vinícius de Moraes, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Paulo Coelho, Clarice Lispector e outros grandes escritores brasileiros. E você leria sem ser para um trabalho escolar ou por obrigação. Você leria do mesmo modo que lê os livros de Rowling, Stephenie Meyer ou Meg Cabot, que também são bons. Parece antiquado eu falar sobre escutar músicas de quarenta anos atrás? De fato é clichê mesmo, porque quarenta anos depois eu não encontro mais motivos pra escutar músicas brasileiras. Dança da motoquinha, bundinha, manteiguinha, perninha, peitinho, bracinho (você entendeu) e tantas outras músicas vulgares. O que deveria estar tocando agora era algo que falasse de sentimentos e não de dar uns créus por aí.
Tudo bem que você pode achar o Brasil uma merda e pior do que tá não fica, pode achar que tudo isso é porque eles são potências e o mundo é completamente deles. Mas ficar de cabeça abaixada aceitando tudo, não faz o Brasil mudar. Votar no Tiririca não faz o Brasil mudar. Ficar à toa na aula não faz o Brasil mudar. É como uma campanha de consciência para preservar a natureza, cada um tem que fazer sua parte. Se todo mundo levantasse a cabeça e mostrasse que o BR não é só floresta, que Charlie Brow Jr. é melhor que Justin Bieber, quem seria potência hoje seríamos nós. Nosso país gigante tem potencial para crescer economicamente apesar de todos os problemas. É difícil sim convencer as empresas que não precisa de ter um rótulo em inglês para vender mais produto. Se eu saísse agora com uma blusa do Brasil, iam me achar idiota. Me diz, por que amar o Brasil quando tem uma bola Jabulani (qualquer outra que seja) rolando no campo? Por que não cantamos o hino nacional, penduramos bandeiras por aí para serem exibidas nas séries de TV? Por que não saímos por aí gritando "Brasil! Brasil!"? Por que não conseguimos amar o Brasil? Esqueça os problemas. Ver só defeitos faz com que os carinhas lá da gringa achem que temos uma cultura pobre e logo estamos aí com blusas "Eu amo NY uma cidade que eu nunca visitei". Tá certo que a Lady Gaga vai continuar famosa por alguns anos e que ainda vai ter rótulos idiotas em inglês, mas se eu continuar aqui só digitando e digitando e não sair pelas ruas com uma blusa "Eu ♥ Brasil e não só na copa", quem vai fazer isso por mim? Ninguém. Não é meio estranho dizer que eu amo o Brasil nesse momento? Eu sei que é, mas eu amo o Brasil. Podemos ser melhor se a mudança começar de dentro pra fora e não de fora pra dentro, se é que me entende. Não importa se é Dilma ou Serra que está na presidência, o que conta são os outros 192 milhões que lutam diariamente por uma vida melhor. Se você não amar o Brasil, quem vai amá-lo por você? Desligue o som e vá escrever uma letra de música -em português- decente, vá vestir uma blusa verde e amarelo e rabisque todas as embalagens em inglês. Por mais que não consigamos ser hoje uma potência, temos o potencial de escrever, compor e amar esse país. Pode discordar, pode pensar o que quiser, no fim é tudo questão de opinião. Eu amo o Brasil, e você?
2 comentários:
'Eu amo o Brasil, e você?'
Também (:
Nada nos impede de amá-lo, né? Obrigada por comentar!
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