Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

quarta-feira, novembro 02, 2011


Dessa Vez

A solidão me assombrava na sua ausência. Daqueles dias que não existíamos, foram se tornando meses, que de tão sozinha, durou uma eternidade. Desde que você se foi, nunca mais soube ser a mesma. Na verdade, até hoje não sei ser eu sem você. Mas parece que nada fez sentido, a não ser o óbvio: não sermos mais a soma, o resultado, o sentimento. Eu que sempre tentava evitar que nos separássemos por uma única semana que fosse, o destino pôs na minha frente uma partida tão inesperada, que mal consigo aceitar.
Você se foi.
Tirou meu chão, minha razão, meu coração. E partiu. Depois disso, o silêncio fez de mim uma tortura. Era você quem o quebrava quando não me sentia bem. Cantava aquela música de quando nos conhecemos ou no toque da sua respiração, arrepiava até a minha alma. Não sabia mais rir das comédias românticas que você odiava ou rimar suas melodias com as poesias daquele meu caderno azul. Antes com você, minha vida era a brisa quente do verão, ao som das ondas do mar. E desde que tu me deixou, menino meu, tudo se transformou numa tempestade de vento, tão fria a ponto de congelar meus pés sem os seus. Eu desaprendi o sossego da vida e a paz que você me trazia, num sorriso tintilante depois de um pedido de desculpas. E tudo se transformou em turbulência onde só tinha lugar para a nossa calma. Você me aquecia nos dias frios com o seu corpo colado no meu, nos emaranhados das suas cobertas favoritas.
(E eu, ingênua, pensava que fôssemos fortes. Engano meu.)
Eu sempre soube que você foi meu primeiro e único amor. Suas mãos pareciam o encaixe perfeito na minha cintura, minhas bochechas rubras combinavam com o seu sorriso. Seus lábios tinham o gosto da minha felicidade. Seus olhos trazia o arrepio, seu corpo, a minha vida. Juntos, eu era completa. Por mais que vivesse como num sonho, era bom sentir que tudo foi real. E veja só, essa mesma realidade te levou e agora só me resta teu rosto ao fechar os olhos e sonhar com nós dois. Essa distância pôs-se em meu peito uma dor que não consigo aceitar, porque sei: você não vai voltar. Nunca vai existir outro, só você.
Nunca mais.
E eu me descubro tão frágil, e todo aquele sustento desapareceu, meu amor. E te sinto, te escrevo, em palavras que não completam o vazio da sua falta. Meus olhos eram como o brilho das estrelas ao seu lado. Toda aquela essência, meu garoto, não existe mais. Você se foi, e agora, sinto apenas as memórias como um filme que passa por trás dos meus olhos, mas nunca acabou com um final feliz. Por tanto tempo te esperei, e eu já sabia que sem você eu não conseguia existir. Levou consigo o meu sorriso, meu coração, minha alma. E só sobrou nesse corpo, o pranto, a dor e a saudade. O que parecia tão lindo, desabou-se na brisa leve do silêncio. Não era mais vida, apenas um pedaço do que fomos, garoto.
Eu nem ao menos pude te dizer adeus.
E agora, meu amor, aperto uma foto nossa contra o peito, para sentir todo o frenesi do seu cheiro. Quis ter todas as suas roupas para ter seu perfume na minha pele, no meu cabelo. Por isso que nunca mais saí do seu quarto depois que você se foi. Só que meu menino, tudo emana o meu perfume, e essas doses incessantes de saudade, quase me faz rogar: volta, meu amor, volta.
Ou então me leva. Quero ficar do seu lado para sempre.
(Eu não aguento mais, meu anjo. Não consigo suportar mais essa distância, isso não deveria ter acontecido. Não assim, tão cedo. Me restam poucas forças, tu tirou meu sustento, a minha vida. Sei que quero ir embora e ficar contigo. Será tudo tão melhor, amor.)
Abraçada ao seu travesseiro respiro fundo uma única vez, procurando algum resquício do seu perfume. Não o encontro. Começo a escutar sua voz, e posso ter certeza, você está me deixando louca nessa ausência. Eu preciso tanto de você, meu garoto. Não consigo suportar mais essa distância de você, éramos felizes, simplesmente. Agora não sei se sou, se existo. Você não está aqui, está?
–Estou.
Tento te ver, te encontrar em algum lugar. Mas tudo está tão escuro, me sinto tão fraca. Foi tão real, tão surreal. Parece até que posso te ouvir sussurrar. E arrepio. Eu quero você de volta, meu amor. Não suporto mais. Não consigo respirar. Devagar, te vejo sentado na beirada da sua cama, do meu lado. Só consigo ver você, como se brilhasse no meio da negritude. Você não sorri, mas está ali.
(Eu quero fazer parte de nós, de novo. Segure minha mão e me erga, me tire daqui, me leve. Eu lhe imploro, meu amor. Fecho os olhos, sinto o ar faltar aos poucos. Já não sinto mais o meu corpo, e sinto o seu brilhar mesmo de olhos fechados.)
–Cesse essa dor, por favor.–digo com as forças que me restam. Enfraqueço, suas mãos tocam meu corpo frio. Você nunca pareceu tão quente.
(Iluminamos o seu quarto. Meus pés não tocam mais o chão, sinto brilhar. Você sorri pela primeira vez e pega na minha mão. Vejo meu corpo ainda sobre sua cama. Você me levou. Não estou mais aqui, mas estou do seu lado.)
–Então, minha menina... tem certeza? Você vem comigo?
–Venho. Eu preciso de você.
(Dessa vez seremos para sempre, meu anjo.)
Comentários

1 comentários:

Ana Beatriz disse...

Que lindo, tão fofo. É uma crônica impressionante, emocionante e linda como todos os outros textos seus. Bom feriado amiga blogueira!

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